
Vídeo da chegada à meta.
Acordei cedo para enfrentar a minha segunda maratona. Deixei tudo preparado de vespera, tomei um bom pequeno-almoço e apanhei boleia até ao Cais do Sodré.
No meio de muitos outros atletas que iriam enfrentar tão mítica distância, a viagem de comboio parecia uma eternidade. nunca mais chegava ao ponto de partida para mais uma aventura desportiva.
Cheguei cedo! Resolvi dar uma volta pela zona para acalmar a ansiedade. Encontrei-me com o meu “companheiro de armas” que iria ser o meu travão nos primeiros quilometros. Fomos perder algum peso ao wc, alongamos, alimentamo-nos e colocamo-nos na parte final do pelotão.
Antes da partida descobri que tinha-me esquecido do meu relógio. Fiquei algo apreensivo, ia enfrentar grande parte do percurso sem saber a que ritmo ia. Não fiquei nada contente saber que não ia ter o meu principal conselheiro durante a corrida.
Saimos com um ritmo muito calmo. A paisagem era bonita, havia muitos atletas à nossa volta e os quilometros passavam facilmente. Com o passar do tempo sentia cada vez as pernas mais soltas, mas contive-me e mantive-me num ritmo perto dos 6 min./km.
10 km – 1:00:36 h
Pouco depois dos 10 kms resolvi aumentar um pouco o meu ritmo e despedir-me da minha companhia. As pernas respondiam bem e fui-me deixando ir naquele ritmo confortavel sem nunca forçar. A passagem pelo interior de Oeiras soube muito bem e a subida logo a seguir foi feita sempre com muita calma. Ia-me sentindo bem quilometro após quilometro sem grandes problemas.
21 kms – 2:00:23 h
Não sabia a que ritmo ia, mas estava tudo a correr bem e encaminhava-me a largos passos para uma das piores zonas do percurso. O “deserto” entre Algés e o Cais do Sodré, sem qualquer sombra e sem fim à vista e com o sol a começar a castigar. A partir dos 26 kms começo a sentir o gémeo esquerdo a ficarem tenso Abrandei um pouco o ritmo, mas não sentia melhoras. Parei por alguns segundos para fazer alongamentos. A situação melhorou um pouco, mas continuava a sentir-me desconfortavel.
30 kms – 3:00:45 h
No abastecimento aconteceu o que vinha a ameaçar, deu-me uma caimbra que me deitou ao chão. Estiquei os musculos, passei água e tentei recuperar o mais breve possivel. Meti-me em ritmo de corrida muito lento. Fui recuperando aos poucos e à passagem pelo empedrado do Rossio tive novamente ameaças. Tentei não caminhar, mas aos 34 km não conseguia correr com tantas ameaças de caimbras. Fui caminhando com esperança que pudesse melhorar, mas sempre que tentava correr as ameaças apareciam passado poucas centenas de metros.
40 km – 4:36:09 h
Já vinha a caminhar à quase 6 kms e depois de muitas tentativas, iria tentar uma ultima vez e assim cortar a meta a correr. Logo a seguir à subida da entrada do Parque das Nações, parei para massajar as pernas. Nesse momento passa por mim o meu ” companheiro de armas “. Aproveito a boleia dele e lá vou “fingindo” que corro. Os ultimos metros vão passando lentamente até que avistamos a meta. Aí sabia que a segunda maratona já não escapava e cortamos a meta com o sentimento de missão cumprida, mesmo sendo muito sofrida.
Tempo Real: 4:50:28 h
Tempo Oficial: 4:53:02 h
Agora é descansar, ver o que correu mal para rectificar numa futura participação e preparar-me para novos objectivos.