Depois de 4 meses de treinos, o dia tão esperado estava a chegar. Preparei todo o equipamento na dia anterior e deitei-me um pouco mais tarde do que tinha em mente.
Antes do despertador tocar, já estava pronto para saltar da cama! Tomei um bom pequeno almoço, equipei-me e fui ter com o Carlos (a minha “lebre” até aos 12 kms) para o nosso habitual doping (café e jesuíta) antes das corridas.
Chegamos cego ao Estádio 1º de Maio. Fomos dar uma volta para ver o ambiente e tentar afastar alguma ansiedade. A 30 minutos da partida fomo-nos preparar para a corrida. Verificar se não faltava nada, colocar o chip e mentalizar-me que iria enfrentar tão grande desafio pela primeira vez.
Optamos por não aquecer, visto que iriamos partir bastante lentamente o que permitia fazer o mesmo durante os primeiros quilometros. Fizemos bastantes alongamentos e aquecemos bem as articulações. A 5 minutos do tiro de partida fomo-nos colocar na linha da partida, bem no fundo do pelotão. Não queria ser contagiado por atletas mais rápidos e poder sair no meu ritmo.
Estava em amena cavaqueira com o Carlos quando foi dado o tiro de partida. Como previsto, o Carlos meteu o ritmo desde o primeiro segundo, sempre certinho e bastante confortavel. O quimometros iniciais foram feitos sem grande esforço, a meter a conversa em dia e sem dar pelos metros a passarem. O conhecimentos do percurso também facilitava a nossa tarefa, prevendo sempre o que iria aparecer mais á frente.
10 km: 59:45 min. (5:58 min./km)
Passamos aos 10 kms dentro do tempo previsto e sem complicações. Começei a entrar em algumas zonas de Lisboa que conheço desde sempre e que servem muitas vezes de locais de treino. Carnide, Benfica, Calhariz de Benfica e S. Domingos de Benfica fazem parte da minha vida. Aos 12 kms a missão do Carlos tinha terminado! Consegui levar-me até ali sempre num ritmo certo, confortavel e até aos 36 kms ia ser por minha conta. Aumentei um pouco o ritmo e tentei manter até chegar á subido do El Corte Ingles. Aproveitanto a longa descida para meter um ritmo mais vivo e alimentar-me. Gosto imenso de correr nas zonas históricas de Lisboa sem carros e poder usufuir da cidade como poucos o fazem. Assim que cheguei á Praça do Comercio e com o fim da descida, meti um ritmo certo e que me sentisse bem. O objectivo era tentar ir assim pelo menos até aos 36 kms onde teria novamente ajuda.
Meia-Maratona: 2:01:43 h (5:46 min./km)
Sentia-me bem, tentava aproveitar todos os abastecimentos para alimentar-me e hidratar-me. A partir dos 26 kms já estava um pouco farto da Avenida 24 de Julho. Só queria ver o regresso e o que ia distraindo a minha mente era os amigos que ia vendo em sentido contrário. Aos 27,5 kms recebo uma grande descarga de motivação e fiquei com a certeza que estava no bom caminho. Vejo o marcador das 4 horas a passar no sentido contrario. Não cai na tentação de acelarar, pois sabia que seguindo no ritmo que estava, mais cedo ou mais tarde iria alcançar aquele tão importante ponto de referência.
30 km: 2:49:07 h (5:38 min./km)
Apanhei o marcador das 4 horas mesmo em cima do abastecimento dos 30 kms. Ainda isitei entre ficar por ali algum tempo ou passar. Como me sentia bem no meu ritmo e ao ver a confusão que é abastecer com um grupo tão grande que ia com o marcador, resolvi seguir em frente. Se tivesse alguma quebra o marcador até podia ser útil mais á frente. Ao passar pelos 32 kms veio ao meu pensamento que nunca tinha corrido mais que aquela distância e que ia entrar em campo desconhecido em relação ás minhas capacidades fisicas. Aos 35 kms comecei a sentir os primeiros sinais de fadiga. Os joelhos começaram a doer e os musculos começaram a mostrar alguma fadiga. A minha pirnicipal preocupação era manter-me até aos 36 kms onde tinha mais ajuda á minha espera. Um pouco mais cedo do que estava á espera saltam para o meu lado o meu irmão Vítor e a Filipa. Com a Filipa sempre á frente a puxar e o Vítor ao meu lado, ataquei a Avenida Almirante Reis cheio de moral. Aguentei-me bem até que entre os 38/39 kms senti as pernas a perderem as forças. “-Será o famosos “muro” – perguntava-me no intimo. Foi um parte da corrida muito complicado em que tive um combate titânico entre o corpo e a mente. Ao chegar ao Areeiro senti que tinha vencido aquela batalha. Aproveitei para descansar um pouco o corpo para enfrentar os últimos quilometros. Ao ver a placa dos 41 kms, não como consegui ir buscar mais energia e aumentei o ritmo. Entrei no estádio em grande e cortei a meta num tornado de emoções. Tinha finalmente alcançado um objectivo que tinha em mente á largos anos.
Tempo Real: 3:55:22 h.
Tempo Oficial: 3:56:55 h.
Um agradecimentos especial ao Carlos que me levou nos primeiros quilometros sempre com um ritmo certo, ao meu irmão Vítor que me icentivou nos quilometros mais dificeis, á Filipa que foi marcando o ritmo nos últimos quilometros e a todos os que acreditaram em mim, quem me motivaram, deram conselhos e que compartilharam as suas experiencias.